Mochilão na Índia – Como Falar Inglês Foi Imprescindível Nessa Aventura (Parte 1)

Viajar para a Índia é algo que não está na lista dos top 5 para os brasileiros viajarem. Geralmente escolhemos destinos mais tradicionais como Estados Unidos, França, Itália, Austrália, México, e algo bem longínquo e distante seria a Tailândia, por exemplo. Entretanto, tenho escutado cada vez mais, que conhecidos meus e muitos outros compatriotas, decidiram ir à essa terra de muito exotismo.

Conto um pouco da minha história: Trabalhei para uma ONG dinamarquesa, e um dos projetos que recebi foi ir à Índia para trabalhar como voluntário e fazer algumas investigações. Nesse momento eu não morava no Brasil, porém, mais ou menos no ano de 2008 para 2009 estava passando a novela Caminho das Índias na TV brasileira, para que você leitor possa ilustrar um pouco da minha experiência.

Saí da Dinamarca onde morava, passei por Londres, esperei por 2 dias o meu voo e então embarquei para Nova Déli, isso era dia 1 de dezembro de 2008. Depois de muitas horas de voo, fugi do frio inglês, e cheguei na cálida capital indiana. Eu tinha apenas um papel com o endereço de uma escola associada a ONG,  que me hospedariam por uma semana até que o resto da equipe de investigação chegasse, o que aconteceria uma semana depois. Tive então esse prazer de ficar uma semana “sozinho” em Nova Deli. Enfatizo a palavra sozinho entre aspas, porque esse é um sentimento que é quase impossível de ocorrer nesse país.

“No país existem 122 línguas diferentes, porém a constituição reconhece “apenas” 22 como oficiais”

A índia foi colônia inglesa até o ano de 1947, quando as ações pacíficas de Mahatma Ghandi junto a desobediência civil levou a que o país se tornasse independente, por essa razão o inglês tem o status de língua oficial.

Na realidade o inglês tem um papel muito importante dentro da índia. Existem 122 línguas diferentes na Índia, porém a constituição reconhece “apenas” 22 como oficiais. Por exemplo: no norte falam hindu, no sul, na província de Tamil Nadu falam tamil, uma das línguas vivas mais antigas do mundo e que não tem relação alguma com o hindu, porém essa relação diferenciada não é como o português e o alemão por exemplo, que se por ler em alemão sem entender o que está dizendo, não muda-se apenas a língua, porém muda o ALFABETO.

Sim, sim, a escrita de um lugar para o outro é totalmente diferente. O inglês como língua oficial do país, mesmo que não falado por todos, assume o papel de conexão linguística entre as diversas regiões do país.

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Um exemplo do alfabeto da língua Tâmil, do sul, e do Bengali do extremo leste do país. Imagem – Arquivo pessoal

Bem, depois desse pequeno resumo linguístico, volto para a viagem. Chegando em Nova Déli entrei em um táxi e entreguei o endereço da escola onde tinha que ir. Por falta de sorte o taxista não falava inglês, e por algum motivo não conseguia encontrar o endereço. Depois de uns 40 minutos andando em vão pela cidade, e sem entender o que o motorista falava, eu pensei: vou passar o telefone da escola para o motorista, que ele ligue lá e pergunte como chegar! Bem, isso funcionou e eu cheguei bem à escola.

Imagem: Wikipedia

Por uma coincidência do destino cheguei em Nova Deli em um dos dias mais sagrados para os indianos, o Divali, ou dia das luzes, todos vestem suas melhores roupas, soltam fogos e comem doces. Que recepção, foi tudo muito lindo e interessante para um brasileiro que acabava de chegar da Dinamarca.

“comecei a perceber que estar SOZINHO é um sentimento pouco comum nesse país”

Sempre muita gente por todos os lados

Sempre muita gente por todos os lados – Imagem: Arquivo pessoal

Um dos diretores da escola, gentilmente me cedeu seu apartamento para que eu passasse essa semana,  então durante a noite eu ficava no apartamento “digerindo” tudo aquilo que via, sentia, comia, e vivenciava. Durante o dia, ficava basicamente na escola ou em pequenas excursões pela vizinhança, que era um bairro afastado do centro da cidade. Nessas pequenas saídas comecei a perceber que estar SOZINHO é um sentimento pouco comum nesse país. A população é de 1,2 bilhões de habitantes, então imagine só, o Brasil, a quinta maior população do mundo com seus 200 milhões, imaginou? Agora a índia, com a segunda maior população do mundo, tem simplesmente um bilhão de pessoas a mais e em um território menor. Então por onde eu andava, onde eu entrava, onde passava, sempre havia muita gente.

Alunos da escola que eu fiquei hospedado por uma semana

Alunos da escola que eu fiquei hospedado por uma semana – Imagem: Arquivo pessoal

Falando somente em inglês sempre me safava, porque como disse, a língua é amplamente falada, as vezes não com uma fluência clara, as vezes com pequenos erros, mas bem, quem sou eu pra reclamar de erros, sendo que eu mesmo, como falante não nativo devo cometer meus pequenos deslizes.

Essa primeira semana foi muito intensa e me ajudou a entrar no clima do país. Na escola onde eu estava hospedado, os alunos faziam apresentações sobre a Índia e as diferentes regiões e suas culturas. Sempre me perguntavam muitas coisas sobre o Brasil, como já disse antes, não é muito comum ver brasileiros na índia, muito menos em uma escola de voluntários em uma zona afastada da capital; É muito comum cruzar com europeus, israelenses, australianos, americanos e japoneses, mas brasileiro não.

Logo de início já tive que a comer com as mãos, costume amplamente difundido lá. Vale a pena lembrar que a comida é extremamente picante, e sobre isso, discorro ainda mais um pouco, eu sou natural de Goiás, minha família está acostumada com comida apimentada, mas o que eu comia era surrealmente picante, até o chá que eles tomavam era apimentado.

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Uma refeição tradicional do sul da Índia, na folha de bananeira – Imagem: Aquivo pessoal

Uma semana em Nova Deli passou e o resto da equipe chegou. Foi hora de despedir da escola que carinhosamente me acolheu, e ir em direção ao Sul, mais precisamente Pondicherry, uma ex-colônia francesa encravada na costa leste da Índia, porém tive que encarar 3 dias, SEM PARAR de viagem de trem, e não em classe executiva, e sim na classe intermediária, tipo classe econômica, no entanto não era o fim, já que havia a terceira classe. Ainda bem que eu estava na segunda!

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3 dias sem para e sem banho – Imagem: Arquivo pessoal

Sobre as linhas de trem indianas (Indian Railways) vale a pena fazer um parágrafo. É a rede de trens mais extensa do mundo, herança inglesa, e que conecta quase, senão todo o país, e todos aqui viajam de trem. Os vagões são antigos, a maioria deles é o que foi deixado pelos ingleses em 1947.

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Os trens são constantemente pintados, reparados e continuam em uso. Os trens começam a andar lentamente, geralmente atrasados, e todos que tem suas passagens vão subindo enquanto a locomotiva deixa a estação, entretanto, atrasados os não, os trens sempre chegam a seu destino.

CONTINUA….

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