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Para o menino que eu era, ao preencher aqueles formulários só havia duas opções: ( ) ateu ou ( ) agnóstico. Pois, não me parecia muito adequado marcar ( ) outra e não especificar. No fim, devo ter recorrido ao recurso de marcar qualquer uma sem pensar muito, afinal, “isso não é o vestibular e não vai influenciar em nada mesmo” (e lá se vai a acuidade das estatísticas).

 

Além disso, essas duas opções restantes – ateu e agnóstico – soavam um pouco estranhas. Eu não possuía nada mais do que uma leve noção do que vem a ser um agnóstico, mas achava que tal termo não soava muito bem. E ateu? Ateu, bem, não soava bem mesmo. Alguns anos antes, quando ainda preenchia formulários no ensino fundamental (antes de começar o Curso de inglês em São Paulo) e não na faculdade, lembro-me de que o termo ateu era muito mal visto. Era o terror das mães e dos coleguinhas. No maior país católico do mundo, em uma cidade pequena, antes da imensa facilidade de se obter informações que temos com a internet, era muito difícil alguém se dizer ateu (em alguns lugares e para algumas pessoas é difícil até hoje). Naquela época, para aqueles que não iam a igreja com frequência (ou nem iam), convinha usar (como um eufemismo) a classificação: católico não-praticante.

 

Voltando aos termos ateu e agnóstico que ainda hoje se misturam e se confundem, vamos as diferenças:

 

Agnóstico: Não é a toa que eu mal entendia o que era ser agnóstico naquela época. O conceito de agnosticismo é um pouco mais complicado mesmo. O agnosticismo sustenta a visão de que afirmações metafísicas, a respeito da existência de divindades ou de cunho religioso não são verdadeiras, nem falsas. Uma vez que não podem ser verificadas seja pela razão ou pela experiência, tais afirmações não podem ser tomadas nem como verdadeiras, nem como falsas, e por isso, não podemos e não devemos tomar ações fundamentadas nem na falsidade e nem na veracidade das mesmas (ou seja, não devemos agir como se tais afirmações fossem verdadeiras ou falsas). Essa impossibilidade de verificação decorre das próprias limitações do cérebro humano que seria incapaz de examinar a existência ou inexistência do divino e do metafísico. Às vezes, o agnosticismo é dividido em ateus agnósticos aqueles que não acreditam na existência de uma divindade, mas não negam a possibilidade de sua existência (pelas razões citadas acima) e teístas agnósticosos que acreditam na existência de uma divindade, porém não afirmam a sua existência.

 

Ateu: Já o ateísmo é a negação da existência de qualquer divindade. Ao contrário dos agnósticos, os ateus afirmam a inexistência de qualquer divindade, uma vez que consideram que o ônus da prova cabe aqueles que proclamam a existência de uma divindade. Logo, se tal existência não pode ser comprovada, deve-se considerar que coisas sobrenaturais ou divinas inexistem.

 

É normal que os interesses desses dois grupos se misturem, já que os dois grupos não são instituições religiosas organizadas e, por isso, se empenham e militam em causas semelhantes como a luta contra o preconceito religioso, pelos direitos homossexuais e pela manutenção do estado laico.

 

Por fim, acabei descobrindo que conhecer as crenças (fundamentais) das religiões era importante para mais do que preencher formulários. Pois, era preciso entende-las para respeita-las.

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