Formulários e Religião

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Há não muitos anos, quando estava tirando meus documentos que (com minha maioridade) subitamente passaram de opcionais para obrigatórios na mesma época em que estava me escrevendo para os vestibulares ( eu não poderia fazer o segundo sem ter feito, ou pelo menos sem ter dado entrada com os papéis no primeiro). Em toda a minha vida acho que jamais preenchi tantos formulários (formulários eletrônicos para se cadastrar em rede sociais não contam). Eram formulários com dados pessoais, questionários socioeconômicos, eram dados para a Receita Federal, eram dados para o Tribunal Eleitoral, dados para a fundação para o vestibular de outra universidade, dados para a fundação para o vestibular de outra universidade, etc. Felizmente as escolas de idioma, onde passei outra grande parte da minha vida, não exigem formulários tão complexos, então fique tranquilo que você não sofrerá as pequenas angústias discutidas nesse texto caso deseje se inscrever para um Curso de Inglês em Curitiba ou em outras cidades do país.

 

Lembro-me bem de, naquele período e em toda a minha vida, que ao preencher formulários e questionários socioeconômicos, sempre me pegava em dúvida, parado, pensando e olhando para o teto diante da questão: Religião. “Mas, então, o que eu marco”? (também encontrava dificuldade com a questão cor da pele… mas, isso fica para outro post).

 

Quando se vai ao culto ou à missa todo os domingos ou todos os sábados (ou todo os dias) fica tudo bem mais fácil. Se é Católico Apostólico Romano, Adventista do Sétimo Dia, Espirita, Evangélico. Basta encontrar a opção adequada no formulário e marcar um (X) e passar para a próxima questão. Claro que algumas coisas, mesmo nesse caso, podem gerar certo desconforto. Por exemplo, um fiel que não encontre uma opção com a sua religião e seja obrigado a recorrer ao expediente de marcar (x) Outra (especifique) e tenha que preencher o nome da sua religião (outra) pode sentir que sua fé (juntamente com ele e com os seus) foi inferiorizada, descartada, não valorizada. Alguns fiéis de religiões que se subdividem em congregações mais específicas podem não gostar de serem obrigados a se autodeclarar apenas como membros da denominação mais geral. Por exemplo, um evangélico da Assembleia de Deus pode sentir aquele leve incômodo dos formulários (“o que eu marco aqui?”; “não tem ninguém para perguntar?”; “Como assim não tem?”) ao se ver obrigado a marcar o (X) em Evangélico. Com certa razão, as congregações (ou ministérios) são bem diferentes entre si na prática, embora sejam consideradas como uma única massa para critérios de avaliação sociológica, que é o objetivo da maioria de tais formulários. É claro que outros podem passar por isso sem problemas e até com orgulho.

 

Mas, e quando você não tem religião? Quando você não vai às missas ou cultos de qualquer tipo. Você é um jovem e nem pensou muito ou com alguma seriedade a respeito disso ainda. Você não conhece grande parte das religiões existentes, na verdade, mal conhece as religiões mais cultuadas em seu país, para que possa ter uma revelação em alguma ou pelo menos se identificar com uma a ponto de escolhê-la, nem que seja apenas para marcar (x) nos formulários e questionários socioeconômicos. Tudo que lhe resta, em termos de formulário, são duas opções…

 

Continua…

 

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