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Continuando a discorrer brevemente a respeito dos dialetos catalogados pelo colunista José Simão em sua coluna do Jornal Folha de São Paulo, agora falamos um pouco sobre o antitucanês.

 

Antitucanês: Esse dialeto é o extremo oposto do tucânes e, talvez, tenha surgido como uma oposição a esse. Ou, talvez tenha sido o contrário. Ou, quem sabe, para aqueles que são mais supersticiosos, os dois não tenham surgido no mesmo instante, a exemplo da luz e da escuridão, para que o equilíbrio cósmico fosse mantido. Se o tucanês (como visto no post anterior) tem sua origem no modo de falar dos intelectuais, dos economistas e da elite econômica, o antitucanês tem sua origem nas classes trabalhadoras. Tal aspecto é reforçado pelo fato do Macaco Simão não apresentar os significados dos termos, mas sim mostrar o termo no uso cotidiano (geralmente em anúncios, placas de comércios populares, etc). Ou seja, se o tucanês é o dialeto da teoria, o antitucanês é o da prática. Enquanto o tucanês é um idioma de fala longa (veja os exemplos do post anterior) onde muitas palavras denotam “pouco”, seu oposto é um dialeto de fala curta, no qual poucas palavras denotam muito. Se o tucanês rodeia e floreia para apresentar a ideia, o antitucanês o faz diretamente. Se o antitucanês tem como principal característica o exagerado eufemismo, o antitucanês simplesmente diz o que precisa ser dito, sem maquiagem. Se no tucanês cada palavra é escolhida em seu sentido laboratorial (“sentido exato, asséptico e neutro”), no antitucânes a palavra é colhida diretamente da terra e de preferência deve vir carregada de duplos sentidos, o que ressalta ainda mais a característica sintética de tal dialeto.

 

O antitucanês então é isso: é a negação da empáfia e do excesso de boas maneiras. É a maneira de falar direta. É a maneira de falar do trocadilho rápido, esperto e cheio de significados. É uma reação do povo à elite que o considera burra, que menospreza sua inteligência. É uma reação, enfim, a própria enganação.

 

Veja alguns exemplos (juntamente com suas origens) do antitucanês:

 

“Aqui em Imperatriz, também na Belém-Brasília, tem um bar chamado “Guela Gelada” (sic).</p

“É que em Tanque do Piauí tem uma escola pública chamada Pequenos Burgueses

 

“É que em Portugal tem um clube chamado Associação Democrática! Entrada só para sócios. Muy democrático”.

 

Esse e outros exemplos, além do canal Monkey News e da Coluna de Simão em seu site oficial.

 

No último post da série, falaremos brevemente sobre o lulês e sua cartilha.

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