Verde: a cor da estação

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Neste post trataremos do vocabulário do terceiro grupo político brasileiro (se é que tal coisa não passa de mera ficção): os verdes. É preciso ter cuidado para que em um pequeno acesso de daltonismo não se confunda os verdes com os socialistas. Os primeiros recebem esse nome, pois antagonizam o sistema (capitalismo) apenas na medida em que esse último afeta negativamente a natureza (o termo “verde” foi emprestado da clorofila das plantas). Por motivos óbvios, acabam por entrar em choque mais com a direita do que com a esquerda. Embora choques com a esquerda não seja impossíveis, principalmente se acharem que a “causa” (seja ela qual for) está sendo obtida, ou cogitada em ser obtida, a custo do planeta. Segue abaixo (assim como nos demais posts), um guia lexical para reconhecer um verde ou passar-se por um (há vários motivos para fazê-lo: parecer descolado, impressionar as garotas, as mães das garotas e, também, todo o pessoal descolado).

 

Sustentável: Adjetivo de ordem do momento. Temos política sustentável, agricultura sustentável, e talvez estejamos próximos de ter um desmatamento sustentável. Sustentável é toda prática que pode ser prolongada, ou sustentada, com mínimos prejuízos ao meio-ambiente.

 

Verde: Também usado como adjetivo indica tudo que é amigável ao meio ambiente. Praticamente sinônimo de sustentável e tão usado quanto (temos a TI verde, a mineração verde, etc.).

 

Orgânico: Verde que é roxo consome apenas alimentos orgânicos (sem conservantes artificiais, manipulações transgênicas ou pesticidas). Se tiver uma quedinha para a esquerda, não basta ser orgânico tem de ser produzido por agricultura familiar. Contudo, aos poucos, orgânico, está se tornando símbolo de status, luxo (como importado) com a diferença de que também é ético e moral.

 

Vegan/Vegetariano/Outras Variantes: Alguns verdes são tão engajados que levam essa inclinação até para o prato e só comem o que é verde. O grau de dedicação, é claro, varia alguns não comem apenas carne vermelha, outros nem peixes, outros nem ovos, outros só comem frutas que caíram do pé (o que, por uma questão de Gravidade, excluí raízes do cardápio).

 

Ecobag: Consciência ecológica (veja mais adiante) juntamente com um termo composto em inglês (vide We speak no “americano”) impossível parecer mais moderninho e “do bem”. Não basta, porém, possuir uma ecobag é preciso falar de suas vantagens e convencer os outros a abandonar as satânicas sacolinhas plásticas. A ecobag além de soar moderninha e “do bem” é retornável e feita de material orgânico. Mais politicamente correto, impossível.

 

Reciclagem/Coleta Seletiva: O mais bem sucedido dos conceitos verdes ou
sustentáveis. Ganhou o mundo e hoje, praticamente todos os lugares já a implantaram ou a planejam implantar.

 

Consciência Ecológica: Ter a consciência daquilo que é sustentável, verde ou bom para o planeta. Ter a consciência de separar o lixo, de tomar banho em cinco minutos, de reusar a água da lavagem do carro, consciência de urinar enquanto se toma banho… Essa é a consciência da vez (já tivemos a consciência de classe, a consciência política, etc). Basicamente serve para separar aqueles que são verdes (aqueles que têm consciência ecológica e, logo, separam o lixo, reusam a água, urinam no banho) daqueles que são não-verdes (aqueles que não têm consciência ecológica, e logo, não separam o lixo, não reusam a água…).

 

Terminamos por aqui a série de linguagem da política (ou de língua da politicagem) deste blog. Convém ressaltar que Independente da função, da orientação e da ideologia, jargões servem para uma coisa só. Separar os nossos dos deles. No fundo, todo o jargão, não passa de um modo sutil de perguntar e responder você sabe a senha?

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