Uma Franco-Brasileira: Sua História e Vida Bilíngue

Essa é a história de Júlia de Faria, uma franco-brasileira que conta como é a sua experiência em ser bilíngue nativa em francês e português:

Minha avó veio para trabalhar no Brasil nos anos 70 e minha mãe tinha apenas 14 anos. Minha avó ficou dez anos no Brasil porém minha mãe voltou para a França com 18 anos e vinha visitar durante as ferias. Foi em uma dessas viagens que ela encontrou o meu pai. Eles ficaram trocando cartas durante um ano até que meu pai decidiu trancar a faculdade e foi passar um tempo em Paris com ela. Eles voltaram juntos para o Brasil e desde então estão aqui. Minha mãe sempre falou francês comigo, sendo assim é realmente a minha língua ‘’materna’’. Eu praticamente não morei em outro lugar a não ser no Brasil. Fui à escola francesa, onde todas as minhas aulas eram em francês, tinha amigos franceses, o que fez com que estivesse sempre praticando a língua na escola tanto quanto em casa. Meus pais falam português entre eles, eu falo português com meu irmão, mas tanto eu quanto ele falamos em francês com a nossa mãe. É estranho, sou loira de olhos azuis, ‘’cara de gringa’’, mas carioca da gema. Quando ando na praia o pessoal vem falar comigo em inglês, colocando os preços lá para cima, aí eu já carrego no sotaque e puxo um ‘’Serio mesmo que a água tá 7 reais?’’. Quando não estou no Brasil, geralmente na França, ou em outro país, e que falo francês, ninguém acredita que eu possa vir do Brasil: ‘’ Como assim? Mas você é tão branquinha!’’. Enfim, estou sempre nessa fronteira, nem tanto aqui, nem tanto lá. Quando estou no Brasil sou considerada mais retraída, mas fechada, quem sabe até ‘’fria’’. Quando vou para a França é o contrário, sou a que dá abraços, beijos, a todo mundo, o tempo todo. O mais estranho é que falo inglês ou até mesmo espanhol com sotaque francês.

“Meus pais falam português entre eles, eu falo português com meu irmão, mas tanto eu quanto ele falamos em francês com a nossa mãe.”

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Eu nunca tinha realmente me dado conta, mas é algo que não consigo controlar. Acho que tem algo a ver com o fato de ser a minha língua materna, com alguma coisa que acontece na relação entre a mãe e a criança, algo assim, sei lá. Percebi também que quando vou falar com bebes ou cachorrinhos acabo geralmente falando em francês. Aí eu fiquei achando que devia ser uma dessa coisa de língua materna mesmo. Enfim, encontro várias pessoas que acham super bacana falar duas línguas em casa, e realmente é. Aprendi tanto o francês como o português de uma vez só. Junto com o inglês e o espanhol, que aprendi com o passar do tempo, já posso me comunicar com todos os habitantes do continente americano, e isso já faz um bocado de gente. Além disso, como eu sempre convivi com essas duas línguas, traduzindo o que o meu pai tinha dito para a minha mãe e vice-versa, consegui assim alguns trabalhos com a tradução simultânea, o que resultava incrivelmente bastante fácil. Hoje em dia estou terminando, surpreendentemente, a faculdade de relações internacionais. É ótimo ser entendido por pessoas que falam outras línguas, que estão em contato com outras culturas, outras formas de pensar. Comecei a estudar o italiano esses últimos tempos, pensei que com o francês, o português e o espanhol uma outra língua latina viria más facilmente. Realmente ajuda, mas ainda não cheguei completamente lá

“Percebi também que quando vou falar com bebes ou cachorrinhos acabo geralmente falando em francês”

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