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Parte 1: Uma vez…

Nós estamos na crista da onda. Nós estamos no centro do mundo. Nós somos o novo hype. A nova Irlanda, a nova China, os velhos EUA. A sexta economia do mundo. O primeiro dos BRICS.

 

Desde pequeno sempre ouvi dizer que o Brasil era o país do futuro. Porém, nunca antes na história da minha vida (que nem é tão longa assim) havia percebido claros indícios de que tal futuro seria, ao menos, mesmo que longínquo, um futuro possível. Agora, os indícios, embora o futuro não tenha deixado de ser longínquo, parecem saltitar aos olhos: lideramos a missão de paz no Haiti; temos a eleição mais moderna do mundo; sediaremos os dois eventos esportivos (a Copa do Mundo e as Olímpiadas) mais importantes da era contemporânea em um espaço de apenas dois anos (a Copa em 2014 e as Olímpiadas em 2016) – com que estrutura, não se sabe, mas para que ser tão desmancha prazeres e antipatriótico?); possuímos um dos escritores mais populares do mundo (Paulo Coelho); somos parada obrigatória para as turnês mundiais dos principais nomes da música pop; acabamos de nos tornar a sexta maior economia do mundo…

 

Com tudo isso acontecendo, nossa língua (bom, na verdade, a língua de Portugal…) acabou por se tornar, à imagem e semelhança de nossa nação, uma língua emergente. A popularidade da última flor do Lácio cresce a passos largos em sincronia com a popularidade do país. Só para se ter uma ideia, nos cursos universitários dos EUA o ensino de português cresceu 10% de 2006 para cá…

 

No campo cultural, nós que sempre importamos os hits norte-americanos e britânicos, emplcamaos o “Ai se eu te pego” de Michel Teló, que, no momento, toca mais do que Adele e Coldplay nas paradas europeias. “Ai se eu te pego” atingiu o sucesso sendo cantada em português (língua que foi considerada pelo crítico de música do New York Times – em seu comentário a respeito do show da cantora mais famosa do Brasil, Ivete Sangalo, no Madison Square Garden em Nova York – como uma língua estranha e principal razão pela qual, mesmo possuindo uma cultura tão variada, exportemos tão poucos artistas). Claro, a versão em inglês, inevitavelmente, apareceu. Mas, essa última foi muito mais consequência do que causa do sucesso da canção pop-sertaneja.

 

Com o aumento do ensino de português mundo afora e com o sucesso de um artista que, segundo a revista semanal Época, representa a cultura popular brasileira – para a alegria de alguns e o desespero de muitos -, é de se imaginar que “Ai se eu te pego” será usada em nove entre dez salas de aula de português como língua estrangeira como ferramenta didática para o ensino de nove entre dez tópicos diferentes. Porém, acredito que tal expectativa não se realizará e o hit das pistas acabará por não se tornar um hit didático. Por quê? A meu ver, ao menos cinco motivos parecem impossibilitar a utilização do hit do verão “Ai se eu te pego” de Michel Teló para o ensino da língua portuguesa para estrangeiros. Tais motivos serão listados e explicados no próximo (segunda parte) post.

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