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Parte 3

Ao fim do jogo, com a derrota do time do Bahia para o seu principal rival, o Vitória, os torcedores – revoltados com o desempenho do time – atiraram suas caxirolas ao gramado, na tentativa de atingir seus jogadores. Explodia a Revolta da Caxirola.</p

No mesmo dia, as principais redes de televisão do país noticiaram o fato e culparam a falta de educação do torcedor. Alguns dias depois, a FIFA exigiu explicações do Ministério do Esporte, temerosa de que o instrumento oficial da Copa do Mundo fosse usado como arma contra as estrelas do espetáculo. O Ministério do Esporte e o criador do instrumento garantiram que o objeto, por ser feito de plástico e extremamente leve, era à prova de vandalismo e, mesmo sendo capazes de atingir o gramado, não teriam peso suficiente para causar qualquer forma de dano. Aproveitando o ensejo da revolta, voltaram as acusações de plágio, principalmente após o anúncio de que a estimativa de ganhos com o instrumento oficial é da ordem de um bilhão de reais.

 

É fácil culpar a falta de educação do torcedor pelo evento. Ela existe sim, e já tivemos provas até mais graves de sua existência, mas creio que nesse caso, nessa revolta da caxirola, possa ser algo um pouco mais profundo do que isso. Creio que a chuva de plástico no campo foi um desabafo, uma expressão. Uma expressão de quem está de saco cheio, não do instrumento em si, mas de certos rumos que tem tomado a organização da copa do mundo, a seleção brasileira e o futebol do país.

 

Um exemplo, no mesmo dia da distribuição das caxirolas, nas quartas-de-final do campeonato Paulista, a polícia da cidade de Campinas impediu a entrada de um mosaico no estádio com a palavra: “Lutem”. Com a estapafúrdia justificativa de que o mosaico, por ser feito de papel, seria um fator de risco de incêndio. Pouco menos de um ano antes, a polícia de vários estádios impediu a entrada de faixas de protesto contra a CBF. Sem justificativa nenhuma, além da censura. A “avalanche” da torcida do Grêmio é proibida por motivos de segurança e culpada por um acidente em sua nova “arena”, sem levar em conta o fato de que a antiga resistiu à avalanche por muitos anos. Todas as formas de expressão espontânea das torcidas estão sendo sistematicamente coibida pelos regulamentos, criticadas pela televisão e censurada pela polícia com as mais absurdas e idiotas alegações.

 

O comportamento dos torcedores só é válido quando estiver de acordo com as vontades dos organizadores. Todas as manifestações só são válidas quando feitas a favor e de acordo com as instruções dos cartolas do futebol. Só valem quando seus meios de expressão são controlados, fabricados e patenteados por pessoas ligadas a eles. Essa é a mensagem que fica quando um mosaico caseiro (faixas, fitas e muitas outras coisas) é proibido de entrar em um estádio, com uma desculpa estapafúrdia, e um produto comercial, patenteado (com o custo de aproximadamente 30 reais por unidade) por uma empresa estrangeira é distribuído para criar artificialmente uma demanda e um costume (pelo menos as vuvuzelas sul-africanas já eram uma tradição no país).

 

É por esses e outros motivos que é cada vez mais difícil acreditar nessa história de legado e da Copa do Mundo. Como dissemos no primeiro post, aproveite essa oportunidade e garanta o legado da copa para você. Use essa oportunidade como motivação para o aprendizado de um novo idioma: a Language Trainers possui diversas opções de cursos, modalidades e horários nos mais diversos locais.

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