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É claro que, na linguagem informal fazemos um uso bem menos criterioso de hors concours do que esse que consta na definição. Namorados carinhosos consideram as namoradas como hors concours em seus Top 5: Mulheres mais lindas. Mulheres chocólatras elegem o chocolate como hors concours entre suas comidas favoritas. Genros diplomáticos elogiam a macarronada da sogra como hors concours mesmo que nunca tenha comido uma pasta em uma cantina italiana legítima ou do Bixiga. Amigas falsas dizem – transbordando ironia – que a amiga é hors concours quando o assunto é a criação de looks

 

Então, se é sábio e notório que hors concours, apesar do forte significado forte e pelo fato de apenas Pelé ter recebido anteriormente tal título daquele premio, pode ser, e comumente o é, sem toda essa carga de importância por que a discussão tão grande em relação ao suposto exagero de tal premiação para o jovem Neymar?

 

É claro que no mundo ideal os jornalistas empregariam a terminologia com mais cuidado, fariam notas ou comentariam no texto a respeito do modo pelo qual estão usando uma determinada expressão ou termo. Mas, ao contrário do que os próprios jornalistas alegam, principalmente em artigos mais polêmicos, eles se aproximam muito mais da linguagem informal em detrimento de uma suposta linguagem mais técnica ou mais acadêmica (exatamente como fazemos nos posts deste blog).

 

Uma terceira alternativa é de que no fundo os jornalistas esportivos que votaram o prêmio estejam mais certos do que todos aqueles que criticaram ou apoiaram esse tipo de premiação para Neymar. Talvez, não passasse de uma brincadeira. Ou como se diz na internet uma trollagem. Afinal, essa mesma imprensa criticou sistematicamente o calendário do Campeonato Brasileiro que não para em datas oficiais da FIFA (nas quais o Brasil disputou jogos amistosos) e nem durante as Olímpiadas das quais Neymar participou. Com todas essas ausências Neymar jogou apenas 17 dos 38 jogos do Campeonato Brasileiro. E nesses 17 jogos fez 14 gols. Em uma sensacional média de 0,82 gols por partida. Tendo isso em mente, Neymar foi literalmente o melhor jogador hors concours do Campeonato Brasileiro. Foi o melhor jogador fora do concurso. E esse prêmio talvez tenha sido a melhor forma de criticar e chamar atenção para essa situação.

 

Um jogador que possui uma média de 0,82 gols por partida, impedido de participar do campeonato pela própria organizadora desse. Um absurdo tão grande quanto uma estrela ser retirada do palco por sua própria companhia. Ou melhor, nesse caso, como se a estrela fosse retirada do palco pelo financiador da companhia para que pudesse atuar no jantar de gala que tal financiador, vira e meche, oferece para seus convidados de luxo.

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