Parte 2 – Cuidado, cá existem babacas!

Você com certeza já a viu por aí pela rede. Basta rolar sua linha do tempo do Twitter, e você a verá. Caso tenha problemas em encontra-la, basta seguir a linha vermelha unindo as diferentes tuitadas relacionadas, nem sempre, mas, geralmente, ela estará lá. Já no Facebook, basta descer um pouco seu feed de notícias, concentrando-se nas postagens com diversos comentários ou naquelas com temas como política (PT x PSDB), smartphones (Android x iOS), videogames (Casual x Hardcore) e você a encontrará. Só evite curtir ou comentar o post, ou não vai aguentar receber tantas notificações por e-mail. Se ainda assim não encontra-la, existe um lugar infalível. Vá até um grande portal de notícias (globo.com, uol.com, Folha, Estadão, etc.) escolha uma notícia, tome um Dramin, respire fundo e role até o campo de comentários.

Mas, quem é ela, aquela que está sempre presente nas interações virtuais? A treta!

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Com a transformação da internet em Web 2.0, na qual o usuário tem mais influência e / ou controle sobre o conteúdo, cujo ápice, pelo menos até o momento, são as redes sociais, a treta saltou para a evidência e se popularizou. Praticamente todos já participaram de uma treta online. Uma pequena discussãozinha sobre que sistema operacional, console ou marca de sabão em pó é a melhor, que acabou descambando para ofensas gratuitas. A relação entre as redes sociais e a treta já é tão grande que é quase impossível imaginar uma sem a  outra. Eu mesmo, há algum tempo atrás, recusava-me a entrar no Twitter por considera-lo um treco que serve para tretar com pessoas que não se conhece sobre assuntos que não importam. Com o tempo acabei me rendendo à rede social para me manter atualizado sobre posts de blogs e podcasts que acompanho, e logo, passei a retuitar e ler muito mais do que escrever (e o mesmo vale para o Facebook). Contudo, embora seja um terreno extremamente fértil para a treta, as redes sociais e a web 2.0 não deram origem (embora tenham facilitado, ampliado e popularizado) à treta na web.

rede social

Há nem tanto tempo assim, quando o principal instrumento de comunicação na internet era o e-mail, seguido de perto pelo ICQ, era moda na rede criar listas de discussão. As listas de discussões (ainda existem?) eram grupos de e-mail, no qual todos os usuários recebiam os e-mails enviados para o endereço eletrônico do grupo. As listas de discussões eram, em geral, divididas por temas. Já nessa época presenciei diversas tretas que recebiam o singelo e carinhoso apelido de flamewar. 

Se não é devido a natureza da web 2.0 ou das redes sociais, por que a internet tem “tanta treta” (pelo menos em comparação com o mundo real)?

O primeiro motivo, é claro é que há babacas. Isso é um fato inegável e inevitável. Como demonstrado na tirinha abaixo:

babacas

Contudo, não acredito que a densidade de babacas online seja maior que a off-line. Embora, seja difícil manter essa crença ao visitar a seção de comentários dos grandes portais ou sites que, em minha opinião, deveriam, por lei, exibir o seguinte aviso: Cuidado, cá existem babacas! Essa impressão se dá porque os babacas ficam mais soltinhos com o anonimato e a segurança virtual. Afinal, no mundo real, nem sempre se está em superioridade numérica ou se é a pessoa mais forte em um determinado ambiente. Além disso, a babaquice, assim como a selvageria, se “espalha” pelo ambiente. Quando se discute em um ambiente cheio de babacas, corre-se o risco de se rebaixar ao nível deles – parece até que era a isso que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche se referia com as seguintes frases:

“Aquele que combate monstros deve tomar cuidado para que ele mesmo não se torne um. E, se olhar muito tempo para o abismo, o abismo te encara de volta.”

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Mesmo com a proteção e a facilidade que a internet fornece aos babacas (e, é claro, ao grande número deles), acreditamos que existe algo mais que favoreça a treta nas interações virtuais. Afinal, todos nós já nos envolvemos em uma treta virtual, inclusive, às vezes com pessoas legais (e nem todos nós somos babacas). Deve haver algo no registro típico da internet que propicie esse tipo de discussão. E é isso que abordaremos na terceira parte deste texto.

E você, já se envolveu em alguma treta na internet com um amigo ou outra pessoa legal? Como foi e o que você acha que causou isso?

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